escrever
faz-me sofrer
faz-me ver, o que sinto
faz-me ver, que minto
a mim próprix
abre-me feridas no coração
espeta-me um arpão
por isso não escrevo muito
parece-me tudo fortuito
insignificante
neste deambular errante
por isso fico expectante
perante
a vida
ou ausência dela
parece-me que não faz sentido
se o sentido existe
não que precise dele
mas sinto precisar de alguma coisa
de ti
aqui ao pé de mim
até ao fim
mas não te encontro
será que te procuro?
a procura também não me faz sentido
espero que chegues
tardas
tenho fé no encontro
mas ela esmorece
as palavras parecem-me demais
e tão poucas
para serem o que sinto
as minhas palavras são breves
porque não há muito a dizer
quando se sente em demasia
as palavras sempre são parcas
quanto mais escreves mais arcas
com o que sentes
o que não tens
o que te magoa
e o tempo voa
com ele anseios
vive a vida sem freios
com alguns rodeios
pois eles aumentam a beleza
o sofrimento e a incerteza
no aproximar a ti
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