A rapariga no comboio
É um livro merdoso
um drama deprimente
Mas a rapariga que vejo na
carruagem...
Não é
É deliciosa
já a vi antes
primeiro não a achei nada
de especial, banal
Agora acho-a deliciosa –
saboreio cada detalhe seu
É jovem como a fruta
fresca
É vaidosa, e não o
esconde
Passa o cabelo de um lado
para o outro de um modo, repetidamente
que me encanta
São estes momentos que me
fazem escrever, por prazer
Tira do tâpâruére e
come uvas
oiço-a quebrá-las dentro
da sua boca fresca
que quero beijar
Olha pelo reflexo do vidro
parece-me que me olha
seguramente estou em
equívoco
fantasia minha
Ao sair do comboio
vejo-lhe o rabo
É magnífico, empinado,
redondo e firme
Mais expressivo devido aos
saltinhos altos
que usa nos lindos pés
São momentos de prazer,
sem saber
inesperados, que me fazem
escrever
Enquando vejo se não vêm
picas
constante alerta que
afasta o alzáimâr
Ela faz-me sentir beleza
em mim
Tira o gel asséptico e
esfrega as mãos
pré-coroação, uma
verdadeira rainha futurista
Esfrega, esfrega
Agora tenho um motivo para
ir para a escravatura assalariada
Voltar a vê-la, volver a
tar-la
Se a conhecesse
desiludir-me-ia
não seria nada do que eu
imagino
mostrar-me-ia que ela é
que manda
eu adoraria
e ela magoar-me-ia
na sua beleza feminina,
que venero
Pisar-me-ia e eu beijaria
os seus pés
até eu estar 6 pés
abaixo do solo
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