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extra terrestre

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dizem que tenho nome de extraterrestre

-eu sou extraterrestre-

sou além da terra

além desta terra

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sou espíritx

nunca me alcançam

podem tocar o meu corpo

mas eu não sou o meu corpo

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nunca fui este corpo

sou de uma terra longínqua

vivo à míngua

sempre absoltx

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mortx

mas muito vivx

sempre que sinto a vida esquivx

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nem homem nem mulher

muito além de género

isso é efémero

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o que é que você quer

não espere poder alcançar-me

tocar-me

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sempre a elevar-me

já estou tão longe que não posso voltar

estou tão mortx que não me podem matar

enterrar-me

só se fosse nú/a na terra fresca

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precisavam de toda a terra do mundo – passado e futuro

sou além-terra

zuogmi nunca aterra

sempre mais fundo

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sou além-túmulo

preciso de um estúmulo

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profundx

como a desilusão amorosa que te matou

matou-te os teus sentimentos e bazou

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nunca voltou

não vai voltar

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não vou como tu esperar

voo continuar a vou ar

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voo acima do céu

e debaixo do chão

celestial e subterrâneo

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nem nave nem foguetão

ave cercada por betão

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meu mundo Natureza Mãe

ausência de tecnologia

apenas o que naturalmente nasce

sem a presença humana

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Árvores Mares Plantas

animais Selvagens e puros

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no meu mundo não há esta tristeza de construção

no meu mundo está intacta a criação

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Natureza Mãe pulsa de fulgor

seiva viçosa fonte inviolável de ardor

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não terrestre mas campestre

chamem-me campónix

não preciso de neurónio

bebi uma vez da fonte mais antiga e pura

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agora a minha natureza perdura

depura

extra-terrestre

tenho o que a terra intocada tem:

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tudo.

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toda a vida

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aqui mortx

a minha vida é além

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da terra

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