Solidariedade com xs presxs políticxs na Grécia
em greve de fome desde 02/03/2015
Na Barriga da Besta
À minha volta
Tudo para me oprimir e quebrar
Para me retirar vida
Paredes muito altas, vigias, betão, câmaras
Grades, arame farpado, algemas, correntes
Mas a vida está dentro de mim
Essa não conseguem retirá-la
Espancamentos frequentes
Humilhações repetidas diariamente
Podem cansar-me o corpo
Mas asseguram-me o espírito
De que este é o caminho
A morte, minha sombra
Pode chegar a qualquer momento
Assim é
Assim é a vida
Morte em vida é comum
Àqueles que não chegam a viver
Tenho a eternidade para a morte
Agora viva
Embora me queiram morta
No pátio a que tenho direito uma hora por dia
Apenas vejo um pouco do céu
Por vezes nem o Sol consigo ver
Assim querem quebrar-me
Mas o Sol está dentro de mim
A luz também
E da escuridão retiro força
A noite, com o seu fascínio
prepara-me para o dia
O dia leva-me à noite
A Natureza é a única coisa que ainda faz sentido nesta vida
Abraço o seu fluir
Além do corpo enclausurado
Tenho espírito
Ele voa
Por todo o lado
Os meus ideais anarquistas mantêm-se
A espiritualidade deles faz parte
A destruição, o fogo, o caos, estão comigo
Sou mais livre que os carcereiros, os robôs altamente armados
Que a todo o momento me vigiam, como as câmaras
Todos eles escravos
Sou mais livre
Que os governantes que me aprisionam
Eles subjugados ao sistema que nos impõem
Eu contra ele(s)
Assim me liberto
Não pronta para passar o resto da vida
Nesta prisão
Sem conseguir sair para a prisão exterior
Através da prisão do meu corpo
Em breve sairei
Sou espírito
Sou cosmos
Sou universo
A guerra é eterna
Caminho com o fogo
Respiro o ar
Sou Vida em morte
Ao abandonar o corpo em que estou
A luta prossegue
A minha morte física
É a lutar
A minha morte física
É uma arma
É uma arma
A luta eternizada
Adiante