4.4.15




Solidariedade com xs presxs políticxs na Grécia
em greve de fome desde 02/03/2015



Na Barriga da Besta


À minha volta
Tudo para me oprimir e quebrar
Para me retirar vida
Paredes muito altas, vigias, betão, câmaras
Grades, arame farpado, algemas, correntes

Mas a vida está dentro de mim
Essa não conseguem retirá-la

Espancamentos frequentes
Humilhações repetidas diariamente
Podem cansar-me o corpo
Mas asseguram-me o espírito
De que este é o caminho

A morte, minha sombra
Pode chegar a qualquer momento
Assim é
Assim é a vida

Morte em vida é comum
Àqueles que não chegam a viver

Tenho a eternidade para a morte
Agora viva
Embora me queiram morta

No pátio a que tenho direito uma hora por dia
Apenas vejo um pouco do céu
Por vezes nem o Sol consigo ver
Assim querem quebrar-me

Mas o Sol está dentro de mim
A luz também
E da escuridão retiro força
A noite, com o seu fascínio
prepara-me para o dia
O dia leva-me à noite

A Natureza é a única coisa que ainda faz sentido nesta vida
Abraço o seu fluir

Além do corpo enclausurado
Tenho espírito
Ele voa
Por todo o lado

Os meus ideais anarquistas mantêm-se
A espiritualidade deles faz parte
A destruição, o fogo, o caos, estão comigo
Sou mais livre que os carcereiros, os robôs altamente armados
Que a todo o momento me vigiam, como as câmaras
Todos eles escravos

Sou mais livre
Que os governantes que me aprisionam
Eles subjugados ao sistema que nos impõem
Eu contra ele(s)
Assim me liberto

Não pronta para passar o resto da vida
Nesta prisão
Sem conseguir sair para a prisão exterior
Através da prisão do meu corpo

Em breve sairei

Sou espírito
Sou cosmos
Sou universo

A guerra é eterna
Caminho com o fogo
Respiro o ar
Sou Vida em morte

Ao abandonar o corpo em que estou
A luta prossegue
A minha morte física
É a lutar
A minha morte física
É uma arma

A luta eternizada


Adiante


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