Super vírus
Vira-a no supermercad
no pico antes do planalto
da coroação do
pandemónio
Ela estava na esquina das
azeitonas
em frente ao último
balcão do peixe
morena de longos cabelos
lindos
tez pálida olhos escuros
que pernocas, minha deusa
Deambolou no corredor da
mostarda e dos molhos
e eu a persegui-la com os
olhos
ao longe
à espera de carapaus
Ai uma vida com uma mulher
assim
o chegar a casa e ela
estar lá
ou estar lá e vê-la
entrar
tê-la por casa
ver aquelas pernas a
passear pela casa
e passeá-la a ela também
levá-la a apanhar ar
ou ela a mim
pela trela
da minha paixão por ela
Decidi persegui-la pelo
super
com super cuidado e
timidez
na ocultação da
protecção acrescida do exarpe
contra o vírus coroado
Entre tanto e tudo o mais,
sucede o que eu mais receava
A namorada dela, surgida
dos fundos, da zona dos detergentes
munida de uma lixívia
perfumada
determinada a extinguir
toda a minha esperança onírica
em propagar o vírus do
desejo
Acho até giro ela ser
analcansável, desculpem, inalcansável
incansável continuarei na
minha veneração
Saíram a carregar um
enorme saco de comida para gatos
cat lady nas pernas
de quem me enroscaria
a ronronar a pedir para
saltar para o colo
Deusa dos corredores da
mercadoria alimentar
alimentaste a minha alma
apenas com o teu vislumbrar
numa tarde cinzenta e
chuvosa como eu gosto
quebrando a quarentena do
vírus para o qual procuram a cura
Contagiaste-me com o para o qual tu a és