11.6.20



A rapariga no comboio



É um livro merdoso

um drama deprimente

Mas a rapariga que vejo na carruagem...

Não é


É deliciosa

já a vi antes

primeiro não a achei nada de especial, banal

Agora acho-a deliciosa – saboreio cada detalhe seu


É jovem como a fruta fresca

É vaidosa, e não o esconde


Passa o cabelo de um lado para o outro de um modo, repetidamente

que me encanta

São estes momentos que me fazem escrever, por prazer


Tira do tâpâruére e come uvas

oiço-a quebrá-las dentro da sua boca fresca

que quero beijar


Olha pelo reflexo do vidro

parece-me que me olha

seguramente estou em equívoco

fantasia minha


Ao sair do comboio vejo-lhe o rabo

É magnífico, empinado, redondo e firme

Mais expressivo devido aos saltinhos altos

que usa nos lindos pés


São momentos de prazer, sem saber

inesperados, que me fazem escrever


Enquando vejo se não vêm picas

constante alerta que afasta o alzáimâr

Ela faz-me sentir beleza em mim


Tira o gel asséptico e esfrega as mãos

pré-coroação, uma verdadeira rainha futurista

Esfrega, esfrega


Agora tenho um motivo para ir para a escravatura assalariada

Voltar a vê-la, volver a tar-la


Se a conhecesse desiludir-me-ia

não seria nada do que eu imagino

mostrar-me-ia que ela é que manda

eu adoraria

e ela magoar-me-ia

na sua beleza feminina, que venero


Pisar-me-ia e eu beijaria os seus pés

até eu estar 6 pés


abaixo do solo



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