11.5.08

escrever

faz-me sofrer
faz-me ver, o que sinto
faz-me ver, que minto
a mim próprix
abre-me feridas no coração
espeta-me um arpão

por isso não escrevo muito
parece-me tudo fortuito
insignificante
neste deambular errante
por isso fico expectante
perante
a vida
ou ausência dela

parece-me que não faz sentido
se o sentido existe
não que precise dele
mas sinto precisar de alguma coisa
de ti
aqui ao pé de mim
até ao fim

mas não te encontro
será que te procuro?
a procura também não me faz sentido
espero que chegues
tardas
tenho fé no encontro
mas ela esmorece

as palavras parecem-me demais
e tão poucas
para serem o que sinto

as minhas palavras são breves
porque não há muito a dizer
quando se sente em demasia

as palavras sempre são parcas
quanto mais escreves mais arcas
com o que sentes
o que não tens
o que te magoa
e o tempo voa

com ele anseios
vive a vida sem freios
com alguns rodeios

pois eles aumentam a beleza
o sofrimento e a incerteza
no aproximar a ti

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