22.5.24

 

alta baixa



de baixa em altas



este país puxa pra baixo


quero altos voos


meti baixa 


sentia-me em baixo


quero ficar por cima



ainda por cima

não me dão alta

estou em altas, de baixa


voo alto

plano

rastejo como um verme


ao trabalho falto

a vida pelo cano


subo a pique

dizem que não me estique

que me fique

e que, estrupenique


daí que

no que

do que

por que

e o que


vai lá ver


vais lá agora?


estou de baixa, altamente

por mais que tente

não encontro que fazer

desfaço


espaço

estratosférico

periférico

atmosférico

pin de er e que o


os dias passam rápido

a vida encurta-se

quero mais baixa

altivamente


baixa, sobe-me o rating

quero subir na vida

trepar

o tempo a passar

perdeste o comboio

despertaste tarde

o jacto da vida passou

foguetão que foge


da realidade

real idade

pede socorro

só corro para o passado

o presente foge

e novo dia

ontem, sempre ontem

nunca agora


quero novo

sempre

tudo velho


passou

ficou

não vou

estou

ou


agir

partir

esta merda toda

que se foda


de baixo

do comboio


extâse em enfermidade

idade de

não baixar

aguarda


há coisas demais para fazer

quero fazer tudo

ao mesmo tempo

não consigo

persigo, o momento

tento

avarente o


a guarda, não

atira-te, vão

senão, então


 

azul ei-jos de revista



foi no comboio


era estival, primaveril


vi numa revista de moda


havia uma foto, de uma jovem


numa casa campestre


os azulejos provocaram-me tuzão


os padrões e cores


a beleza jovial dela


imaginei primaveras, não, verões


almoços familiares com toalha de mesa aos quadros vermelhos e brancos


o vestido dela, tudo apontava para o desabrochar


de cores, de sensações, paixões


a intensidade

 

os padrões dos azulejos


era sexo, tudo tem a ver com sexo


com os azulejos


com o vestido


com a rapariga


com as brisas de noites quentes de verão


com a rapariga do vestido dos azulejos do comboio da revista da primavera do verão da paixão



Alturas em que tudo vibrava


não precisavas de café


Intensidade


Natural


Jovial


frescura



a vida


não dura


para sempre



e nisto, o medo, sempre o medo


a vida sempre a fugir por entre os dedos


a alta velocidade 



sem voltar


 

dead deek



a pila morreu

fez-lhe um funeral

ninguém apareceu, tal como esperado


perenemente na penúria, ficou em vala comum

sempre só, tem agora a companhia dos vermes


pentelhos grisalhos apareceram pouco antes de ter falecido

'é charme', diziam

a felação agora uma falácia

flácida com facies descaído

cicatrizes do uso desmesurado


Em último desespero, rapava os horrendos peludos

'Tens um ganda par!', dissera ela

nunca reparara

nunca rapara


falocêntrica nunca

excêntrica sempre


apalpa-os, procura, paranóica, tumores


a jovialidade a fugir-lhe por entre as pernas


your body is dying!!

disse ela



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