29.7.18


Bronze



Era uma deuza de uma beleza e-zótica

a primeira vez que a vi

na bixa da supermercada

fiquei vidrada

um mag netismo


Tez bronze

algo alta

pernas atléticas

ai beijá-las

cabelos longos selvagens

ai que fudão


Bairro chunga

ela chunga mas quê de rainha

fala com os chungas todos do largo

mau sinal

querem saltar-lhe para cima

deve ter dono de certeza

que deve tar no chilindró

por isso ela agora anda só


Sei que sempre caio por estas tipas

e quando -falo- com elas desvanece-se

num sopro a minha ingenuidade


Quiçá bronca ex actual futura carocha

ou não

ai valha-me a santa


Hoje vinha da pis-cina

estava impossível

nem para o bronze

dia de inauguração depois de renovação

o gueto inteiro na pis-cina

por todo o lado gente desdentada

atmosfera aromatizada de bula

plo menos não houve porrada


São eles que aumentam a taxa de natalidade

férteis são e o demonstram

quantidade de crias ao colo


Cheguei ao largo e tava ela

sentada na mesma mesa o dia inteiro

a falar c'o mouro lixeiro crava q'fuma chinesas plos cantos

senti que me olhou de longe

o outro chunga virou a cabeça para mim

eu tava longe

ai deus...!


Estas ilusões

isto não é nada

é tudo da minha cabeça

mas o que é que se há de fazer?


Tenho que ter cuidado

esta gente não tem mais que fazer e repara

tentarão embrulhar-me

prefiro que me deixem em paz


que à pazada



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